Reinaldo Pereira da Silva, manifestante do Acampamento
Nelson Mandela, diz que nenhum dos objetivos almejados por eles foram
alcançados e que até o momento só tinham promessas e nenhuma previsão para o
assentamento oficial da terra. Ele afirma que ainda estão na expectativa: “vai
mudar muita coisa! Só de você ter a sua terra, seu lugar, fazer seu barraco,
sua casinha já vai ser muito bom, os projetos do assentamento que estão sendo
estudados é ter luz e água encanada, nada definido, apenas projetos”. O
manifestante ainda comenta que depois que sair o assentamento oficial da terra, a luta deles continua,
pois ainda existem companheiros de outras cidades que precisam de ajuda.
Edmeia Silva
dos Santos, outra manifestante, citou que os índios estão perdendo seu espaço e
que não é fácil conseguir comprar uma terra, fazenda ou chácara para plantação porque é muito caro. Segundo ela, eles lutam para que isso não aconteça como no passado, as pessoas mesmo sendo da roça estão sendo obrigadas a ir
para a cidade, “nós gostamos de trabalhar com a terra, de não comprar o que podemos
plantar e colher, o que no momento não estamos conseguindo pois temos que
trabalhar fora para poder nos manter”.
Em entrevista com a advogada Marcela
Bragaia, ela conta que o Acampamento Nelson Mandela, desde a sua primeira
ocupação em agosto de 2013 na cidade de Piracicaba, passou por diversas
reintegrações de posse e que todas as áreas ocupadas traziam também denúncias,
ou seja, a área não cumpria a função social que estabelece a constituição
federal ou porque a área era grilada, assim como ocorreu na ocupação em Tupi, e
acontece também no caso atual da ocupação no distrito de Ártemis, pois se trata
de uma área grilada da antiga ferrovia da FEPASA. Nesta área no distrito de
Ártemis, a liminar de reintegração de posse foi derrubada depois que o INCRA (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) se manifestou no processo de
reintegração de posse informando ao juízo que estava em andamento o processo de
compra da área para o projeto de assentamento em Piracicaba. E por divergências
de valores, a ação permaneceu suspensa de 25 de maio de 2014 até o recolhimento
das custas em 27 de fevereiro de 2015 quando a ação voltou a prosseguir.
Marcela completa que a defesa
requereu a audiência de mediação e o Ministério Público se manifestou
concordando com o pedido, que foi aceito e está marcado para o dia 22 de junho
de 2016. O processo está na 5ª vara com o juiz titular Marco Antonini. Esta será a primeira audiência da questão agrária na cidade de Piracicaba, “esperamos
que assim possamos dialogar, pois trata-se de um problema social e não adianta
tirar as famílias de uma área, pois enquanto não se implementar o projeto de
assentamento, essas famílias não têm para onde ir”, afirma Marcela.
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